No passado dia 18 de junho de 2024, a sede da Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN), na cidade do Porto, acolheu uma sessão técnica dedicada à nova Diretiva Europeia sobre Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD). O encontro marcou um momento crucial de esclarecimento e mobilização para o tecido empresarial português, num contexto de rápidas mudanças legislativas e crescente pressão para a ação sustentável.
A sessão contou com intervenções de António Oliveira, Chefe do Departamento de Políticas de Empresa do IAPMEI, e de Johan Bogaerts, Senior Sustainability Coach da consultora belga Sustenuto, com moderação de Ana Quintas, engenheira do ambiente e membro do Conselho Diretivo da OERN.
“Não poderia deixar de organizar esta sessão. A sustentabilidade é-me próxima, e é tempo de fazer da transparência e da resiliência organizacional o novo normal.” – Ana Quintas
A tarde reuniu estudantes, engenheiros e profissionais das áreas da sustentabilidade, ambiente e reporte financeiro, num ambiente de partilha de conhecimento e debate sobre os desafios e oportunidades da CSRD.
Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade
A Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (conhecida na versão inglesa CSRD - Diretiva UE 2022/2464) – foi implementada no âmbito do Pacto Ecológico Europeu e visa aumentar a transparência, coerência e comparabilidade dos relatórios de sustentabilidade das empresas.
Num primeiro momento, aplica-se às grandes empresas, mas o seu impacto estende-se a toda a cadeia de valor, atingindo também PMEs e fornecedores. Entre os seus pilares, destacam-se:
A introdução do conceito de dupla materialidade, que exige uma avaliação bidirecional: do impacto das questões ambientais e sociais sobre a empresa (outside-in) e do impacto da empresa sobre o meio envolvente (inside-out);
A exigência de indicadores padronizados, com reporte alinhado aos ESRS (European Sustainability Reporting Standards);
O combate direto ao greenwashing, promovendo uma comunicação clara, verificável e auditável.
Esta diretiva representa um passo decisivo na integração da sustentabilidade nos processos de gestão empresarial, exigindo das organizações o mesmo rigor que é aplicado à informação financeira.
Como começar?
A sessão foi aberta por Ana Quintas, que enquadrou a diretiva e destacou os principais pontos a ter em conta, e qual o impacto que estes terão nas empresas portuguesas.
“Apesar de todos os tsunamis legislativos, o setor empresarial europeu está a posicionar-se. A sustentabilidade, a competitividade e o crescimento económico não são incompatíveis — são complementares. Mas é um caminho paciente.” – Ana Quintas
Na sua intervenção, António Oliveira abordou o enquadramento nacional e os desafios da transposição, reforçando o impacto que a diretiva terá nas empresas portuguesas. A sua apresentação foi realizada remotamente, contribuindo com uma visão estratégica do ponto de vista institucional.
Johan Bogaerts conduziu uma sessão interativa, centrada nos benefícios e obrigações da CSRD, destacando:
Os principais requisitos legais e estruturais da diretiva;
A operacionalização do conceito de dupla materialidade, incluindo quem deve estar envolvido no processo e os objetivos desta avaliação;
A necessidade de integrar o reporte ESG nos processos e cultura da organização como fator de inovação, diferenciação e resiliência.
A Realidade Portuguesa: Onde Estamos?
A sessão revelou uma realidade mista. Por um lado, é clara a crescente consciência da importância do tema. Por outro, persistem sinais de resistência ou hesitação por parte de várias empresas portuguesas, especialmente no que toca à partilha de práticas e à exposição pública do seu grau de preparação.
O questionário prévio enviado aos participantes permitiu adaptar os conteúdos da sessão à diversidade de setores e níveis de maturidade representados. Este exercício revelou que ainda há um percurso relevante a fazer em termos de capacitação técnica, alinhamento estratégico e cultura organizacional.
A sessão encerrou com um espaço de perguntas e respostas, onde Ana Quintas e Johan Bogaerts esclareceram dúvidas, partilharam experiências e reforçaram a urgência de ação. Foi particularmente relevante para profissionais com funções executivas, técnicas e de reporte, tanto no domínio da sustentabilidade como nas áreas financeira, ambiental e de compliance.
Preparar é Posicionar
A contagem decrescente para a aplicação da CSRD já começou. A sustentabilidade deixou de ser uma ambição futura — é hoje um requisito presente e transversal.
Se a sua organização se encontra abrangida pela CSRD ou inserida numa cadeia de valor que o esteja, o momento de agir é agora.
Comece por:
Avaliar a sua maturidade em sustentabilidade e reporte;
Envolver as equipas chave (financeira, ESG, comunicação, operações);
Identificar lacunas e procurar capacitação adequada;
Estabelecer um plano de ação para 2025-2026.
Para mais informações ou apoio técnico, como a Sustenuto pode apoiar a sua organização neste processo, fale connosco.